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Fullgás: após 38 anos, manifesto de Marina continua atual como nunca

Mais que uma reunião de hits, disco de 1984 trazia em si manifesto assinado por Marina e pelo
irmão Antônio Cícero no qual a cantora rompia as amarras com os 'caretas' – uma rebeldia
fundamental à revolução do rock nacional da época.
Marina sabia que vinha para romper as amarras com o passado. O ano era 1984 e ela
preparava o lançamento de seu quinto álbum, quando resolveu incluir em Fullgás(PolyGram,
1984) um manifesto que não deixasse dúvidas sobre a que veio:
“Como a música é a expressão mais viva da cultura no Brasil, é justamente a ela que os caretas
querem impor sua ‘ordem’. E a ordem dos caretas é, e sempre foi, a da fidelidade às tais
‘raízes’ ou ‘purezas’ ou sabemos lá o que…”
E Marina queria fazer pop. Sua obsessão musical ia muito além da rixa entre a já estabelecida
safra de artistas da MPB e aquela do rock que surgia no Rio de Janeiro e espalhava-se por todo
o Brasil. No limite etário entre as duas gerações, ela queria trazer elementos modernos para
uma música que considerava careta e paquerava timbres digitais, baterias eletrônicas, além de
compor quase todo o novo disco a partir de um teclado portátil Casiotone. E o casamento
musical com João Augusto tinha uma única trilha sonora: o disco Thriller(1982), de Michael
Jackson, que havia se tornado parâmetro de qualidade no estúdio. Tanto que a faixa-título do
novo disco teve sua linha de baixo levemente surrupiada da de “Billie Jean” – o baixista
Liminha improvisou o hit do Rei do Pop sobre a base de Marina ao violão e o produtor o
incentivou a mantê-la, trocando apenas algumas notas. Era a fórmula do sucesso.
Fullgásveio acompanhado de um texto-manifesto (mencionado no início deste texto), que a
cantora assinou com o irmão e parceiro musical, o poeta Antônio Cícero. Além da faixa-título,
um sucesso avassalador que tornou Marina um ícone daquela década, o álbum ainda trazia
versões imortais para “Me Chama” (de Lobão), “Mesmo Que Seja Eu” (de Erasmo Carlos) e “Pé
na Tábua” (“Ordinary Pain”, de Stevie Wonder). Ainda hoje, é uma joia única do pop brasileiro.

Destaques do disco incluem faixas como “Fullgás”, “Me Chama” e “Mesmo Que Seja Eu”:

Fonte e Matéria completa: Rollingstone
ALEXANDRE MATIAS (TEXTO) E PABLO MIYAZAWA

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