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Ernesto Rodrigues me deixou Saramago

Hoje, 4 de agosto, marca uma semana desde que você foi fotografar do outro lado da vida. Estaria completando, ou melhor, completou 60 anos de existência, pois acreditávamos na eternidade.

Hoje, seus amigos da capital lembraram de você através das palavras de Otávio Valle, da Folha de S.Paulo. Ernesto Rodrigues foi nosso colaborador e incentivador; suas últimas fotos foram do Carnaval e do RockFest de 2023, eternizadas no site da rádio. No dia a dia, compartilhávamos o amor pela profissão, planejando um documentário sobre os Romeiros em Juazeiro. Sem que ele soubesse, eu já havia começado o roteiro como presente de aniversário. Conversávamos também sobre música, comida e nossa paixão por motos, explorando a cidade nos finais de semana e criando pautas de rua. Ernesto era assim: “o vento no rosto e a liberdade no horizonte”.

Recordo-me de um dos meus primeiros encontros com ele, através da irmã Emery. Sem saber da grandeza do profissional que era, falei sobre uma foto marcante que vi em uma capa de jornal, cujo nome não lembrava, e que ainda guardava o recorte. Era uma foto de Saramago entre livros. Comentei a sensibilidade do fotógrafo, a luz e o enquadramento, e ele, com simplicidade, confirmou: “Sei qual é essa foto. É mesmo muito boa”. Anos depois, no meu aniversário de 2023, ele me presenteou com essa foto emoldurada. Foi então que descobri que a foto era dele, e passamos uma noite e um pouco da manhã conversando sobre essa e outras imagens. Assim, algumas pessoas nos deixam marcas profundas.

Sem dúvida, Ernesto Rodrigues, o Brother Camarada, o Cervantes, foi um dos mais talentosos repórteres fotográficos da nossa geração. Para quem é assinante do jornal (www1.folha.uol.com.br), vale a pena conhecer o legado desse Brother Camarada de todos nós.

Fátima Franco – Jornalista

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