
Talvez você já tenha ouvido a voz da Elaine de Azevedo. Ela
faz o podcast “Panela de Impressão”, que fala da cultura brasileira pelas
“lentes da comida”, como ela diz. Nutricionista PhD em Sociologia Política e
professora da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) há 35 anos, ela é
também autora de “Alimentos Orgânicos: Ampliando os conceitos de saúde humana,
ambiental e social” (Senac, 2012) e nos últimos tempos resolveu se dedicar a um
ativismo mais intenso: pegou uma licença para fazer o podcast, produzir
conteúdo de Instagram e dar cursos na Escola Livre Comida ETC. O objetivo dela
é espalhar a palavra da alimentação de qualidade.
Convidada do Podcast da Semana, ela explica o que é preciso
fazer para se comer melhor. “É uma mudança estrutural, tem que agir em várias
direções. Aqui no Brasil é de cima para baixo. Para comer bem, tem que
enfraquecer a ponta do neoliberalismo, do capitalismo (…) Para comer melhor tem
que apoiar quem produz, e não é o agro”, afirma a Gama.
Azevedo fala sobre a falta de noção geral a respeito do
caráter político da comida, diz que acredita que apenas quando os políticos se
desligarem do agronegócio é que haverá mudanças relevantes na alimentação dos
brasileiros, e fala sobre quem come bem no Brasil (um spoiler: não são os mais
ricos). Ela fala ainda sobre o preço dos orgânicos e explica porque é tão
irritante ver gente reclamar dos ativistas da alimentação. Por fim, fala ainda
sobre como a nossa herança colonial nos afeta até hoje. “A gente continua
comendo sobre as mesmas premissas coloniais, da monocultura, açúcar, soja,
alimentos para exportação, em detrimento da nossa segurança alimentar”, afirma
Azevedo.